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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Fantasias irrealizáveis

É melhor deixar as fantasias sexuais só na imaginação?
Por Rosana F. • 16/02/2009

A imaginação humana é fértil. Quando se trata de sexo, então, tome fantasias. Cada um de nós tem uma série de fantasias sexuais dentro da cabeça nas quais pensa durante a transa, no final do banho, no meio daquela reunião chata de trabalho. Depois de tanto pensar, algumas crescem e tornam-se grandes tentações. Antes de realizar a sua fantasia mais íntima, convém saber como introduzir o assunto com o parceiro, como lidar com as expectativas e, principalmente, como se preparar para perder o controle da situação.

Quer uma opinião diferenciada sobre o seu momento sexual?

Há quem diga que a maior fantasia sexual masculina é transar com duas mulheres ao mesmo tempo - o famoso ménage-a-trois. Para a alegria de alguns rapazes, algumas mulheres nutrem a mesma fantasia, como a produtora Mel R., de 32 anos. Mel mora junto com o namorado há um ano e revela que os dois têm muita intimidade a ponto de falar sobre qualquer assunto, inclusive os desejos mais íntimos. "Ele foi o primeiro a demonstrar vontade de transar a três e, aos poucos, fui estimulando essas fantasias na hora da transa", revela a produtora.

"O casal deve estar certo do que quer e dos riscos que corre antes de realizar fantasias"

Mel gosta de imaginar com o parceiro que tem outra mulher com eles na cama, mas não pensa em realizar de fato a fantasia. "Primeiro, como eu iria arranjar essa outra mulher? Como ela agiria? E se eu não gostasse dela? E se o meu marido gostasse demais dela? E depois que o sexo acabasse? Na fantasia, a gente pode controlar, mas depois que vira real tudo pode acontecer", pondera.

O sexólogo Marcos Ribeiro afirma que esse tipo de simulação durante o ato sexual é um caminho para que a fantasia saia do imaginário e se torne realidade. "O casal começa só conversando sobre o assunto, depois pensa nas possibilidades de realização, aí resolve experimentar só pra ver como é", explica o sexólogo, alertando que o casal deve estar certo do que quer e dos riscos que corre antes de realizar fantasias.

Até tomar a decisão de sair do imaginário e partir para o real, é indicado deixar passar um tempo para se ter certeza de que é isso mesmo o que se quer. A publicitária Suzana C., 31, tinha uma fantasia desde a adolescência e não conseguia se livrar dela. Em uma bela noite, tratou de realizá-la. Que fantasia era essa? Conhecer uma casa de strip. "Foi uma experiência que nunca mais vou esquecer e que me abalou muito. O início da noite foi excitante com show de strip-tease, exibicionismo e brincadeiras. Mas aí o pessoal se empolgou e começou a transar ali mesmo", conta a publicitária, que ficou assustada - ela foi na Noite dos Solteiros, estava só com uma amiga e sentiu medo de ser abordada.

"Teve uma hora em que uma mulher ficou deitada numa mesa e vários homens a penetraram, um não usou camisinha. Muito deprê", lembra Susana, frisando que na imaginação nada dá errado, mas na realidade dá. "Quando fantasiava sobre isso era tudo lindo, eu gostava do que via e até participava. Mas na vida real, fiquei encostada na parede e decepcionada com coisas que vi", revela, contando, por exemplo, que na fantasia todos os freqüentadores são bonitos, enquanto na casa de strip de verdade... "Tinha muita gente esquisita, o que tornou o ambiente trash", diz.

Na pele de outra pessoa

A fantasia sexual muitas vezes é de vestir: colegial, enfermeira, empregadinha e, no caso da fisioterapeuta Viviane M., prostituta. "Meu namorado sempre pede que eu me vista como prostituta e depois ele me pegue na rua", conta ela, que chega a se empolgar com a idéia, mas ainda não teve coragem de se travestir. Os detalhes estão na cabeça: "Calcinha vermelha, perfume barato, roupa colada, saltão e até uma peruca", diverte-se ela, que procurou saber quanto cobraria por cada serviço. A única questão que freia seus instintos é o medo do namorado não olhá-la da mesma forma no pós-fantasia. "Vai que ele se empolgue, se agarre ao personagem e passe a me ver como prostituta o tempo todo. Não quero", determina Viviane.

Segundo o sexólogo Marcos Ribeiro, o que torna uma fantasia realizável ou não depende do que cada pessoa considera que pode causar danos ou transtornos para si próprio e à sua relação. "Quando um casal, por exemplo, coloca uma terceira pessoa na cama, não pode pensar que esse episódio vai passar em branco. Nesse caso, uma outra pessoa entra na história do casal e essa história pode posteriormente ter continuidade a dois e não mais a três", explica Marcos, alertando que não se sabe as razões da química entre duas pessoas. "Um casal pode optar por transar a três e o marido ou a esposa pode se descobrir homossexual. Ninguém está blindado para o sexo e, ao realizar fantasias, se perde o controle do que pode acontecer com si mesmo, com o parceiro e com a relação", elucida o sexólogo.

Quando a fantasia não envolve uma terceira pessoa, os riscos podem ser menores. "A fantasia pode ser que a mulher use cinta-liga, ou calce um sapato vermelho ou inclua fetiches que fazem parte do universo exclusivo do casal. Mesmo assim, a ansiedade e o desejo de que dê tudo certo pode causar frustrações. No fundo, o que vai acontecer durante a realização da fantasia é apenas mais uma relação, que pode não originar prazeres múltiplos mas, sim, uma boa transa", afirma.

Se você está a fim de realizar uma fantasia com o seu gato, o primeiro passo é dar um jeito de trazer o assunto à tona. "A mulher pode ‘investigar' qual seria a reação do parceiro, por exemplo, lendo uma reportagem sobre o assunto para ele", sugere o sexólogo. Caso a idéia seja aceita, o casal deve ter clareza do que pode acontecer e dos riscos que corre, não só o que se refere à transmissão de doenças - o que pode ser resolvido com o uso de preservativos - mas, principalmente, no âmbito emocional. "Por outro lado, caso a realização de uma fantasia provoque arrependimento, por mais que tenha sido desagradável, ela é passado. Ninguém precisa se sentir culpado ou ‘sujo'. A fantasia não será repetida e fará parte da história de cada um", finaliza.

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